Capitalismo de Stakeholders: Como Empresas Brasileiras Equilibram Lucro e Impacto Social
Nos últimos anos, o conceito de capitalismo de stakeholders tem ganhado força. Diferente do modelo tradicional, focado apenas no lucro para os acionistas, esse novo paradigma propõe que as empresas também assumam responsabilidades sociais e ambientais. Isso significa que, além de gerar resultados financeiros, companhias precisam considerar seu impacto na sociedade e no meio ambiente.
Essa transição reflete uma mudança no comportamento dos consumidores, investidores e reguladores, que passaram a exigir maior transparência e comprometimento social das empresas. Grandes corporações como Unilever, Microsoft e Natura já adotaram estratégias voltadas para essa nova economia, provando que essa abordagem não é apenas uma questão ética, mas também uma vantagem competitiva.
No Brasil, onde desigualdades sociais e desafios ambientais são intensos, essa mudança é ainda mais crucial. Empresas que ignoram essa tendência podem perder espaço para concorrentes que integram práticas sustentáveis em suas operações. Mas ser sustentável e rentável ao mesmo tempo é realmente viável? Ou estamos diante de um desafio que pode comprometer a lucratividade do setor privado?
O Que é o Novo Capitalismo?
O capitalismo tradicional sempre teve como princípio central a maximização do lucro para os acionistas (“shareholder capitalism”). Esse modelo, defendido pelo economista Milton Friedman, afirma que a única responsabilidade social das empresas é aumentar seus lucros dentro dos limites da lei . No entanto, esse pensamento tem sido questionado à medida que problemas globais, como as mudanças climáticas, desigualdade social e crises econômicas, se tornam cada vez mais evidentes.
O capitalismo de stakeholders, por outro lado, propõe que as empresas considerem todos os seus públicos de interesse (“stakeholders”), incluindo clientes, funcionários, fornecedores, comunidades e o meio ambiente. Esse modelo tem sido defendido por organismos como o Fórum Econômico Mundial e vem sendo incorporado por diversas empresas globais.
Um dos grandes marcos dessa mudança foi a Business Roundtable de 2019, quando mais de 180 CEOs de grandes corporações dos EUA assinaram uma declaração comprometendo-se com um modelo de negócios que visa beneficiar toda a sociedade, e não apenas seus acionistas.
Lucro vs. Impacto Social: Um Dilema ou Uma Oportunidade?
Muitos empresários ainda veem a responsabilidade social como um obstáculo à maximização do lucro. No entanto, diversos estudos demonstram que empresas sustentáveis são mais resilientes e rentáveis no longo prazo. Algumas razões para isso incluem:
- Mudança de comportamento do consumidor: Segundo um estudo do Instituto Akatu, 74% dos brasileiros preferem marcas com compromissos sociais e ambientais.
- Crescimento dos investimentos ESG: Fundos de investimento que seguem critérios ambientais, sociais e de governança (ESG) cresceram 42% globalmente nos últimos cinco anos, demonstrando que investidores valorizam empresas sustentáveis.
- Regulação mais rigorosa: Governos de diversos países, incluindo o Brasil, têm criado novas leis que exigem maior transparência e responsabilidade das empresas em relação ao impacto ambiental e social.
- Maior engajamento interno: Empresas que promovem práticas sustentáveis e inclusão social possuem funcionários mais engajados e produtivos, reduzindo custos com turnover e aumentando a inovação.
Como as Empresas no Brasil Devem se Adaptar?
O Brasil tem características específicas que tornam essa transição para o capitalismo de stakeholders ainda mais desafiadora. Além das desigualdades sociais e ambientais profundas, o ambiente regulatório muitas vezes é incerto e burocrático. No entanto, algumas estratégias podem ajudar as empresas a se destacarem nesse cenário:
1. Definir um Propósito Claro
Empresas bem-sucedidas no novo modelo possuem uma missão que vai além do lucro. Por exemplo, o Nubank busca “descomplicar a vida financeira das pessoas”, enquanto a Natura investe em sustentabilidade na Amazônia. O propósito precisa ser genuíno e refletir a identidade da organização.
2. Adotar Práticas ESG
Implementar políticas ambientais, sociais e de governança fortalece a reputação da empresa e a torna mais atraente para investidores. No Brasil, o Índice de Sustentabilidade Empresarial (ISE) da B3 já destaca as companhias mais sustentáveis da bolsa de valores.
3. Criar Valor Compartilhado
Michael Porter e Mark Kramer, da Harvard Business School, introduziram o conceito de valor compartilhado, que propõe soluções empresariais que beneficiem tanto a sociedade quanto os resultados financeiros.
Conclusão
O novo capitalismo representa uma mudança estrutural na forma como empresas operam e se relacionam com a sociedade. Negócios que equilibram lucro e impacto social são mais sustentáveis, resilientes e competitivos a longo prazo.
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